Formato atacarejo está saturado em SP ou há espaço para crescer mais?

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Fernando Salles -

Estudo da Varejo 360 identifica início de canibalização nas vendas

Foto: Divulgação

Durante  entrevista para SA Varejo , publicada em julho de 2019, Belmiro Gomes, presidente do Assaí Atacadista e um dos maiores especialistas em cash & carry no Brasil, comentou que o formato estava chegando perto do ponto limite: "acredito que isso ocorrerá dentro de três a cinco anos. A partir daí a disputa ficará mais entre os players do canal", analisou na época.

Meses depois dessa conversa entre o executivo e a reportagem de SA Varejo, realizada em uma das lojas na zona leste paulistana, o mundo era surpreendido com uma pandemia que alterou profundamente rotinas sociais e de consumo. Diante do histórico do atacarejo e das variações do cenário atual, o que esperar em relação à expansão do formato que mais cresceu na última década? Um amplo e recente estudo feito pela Varejo 360 , empresa que ajuda a cadeia de distribuição a entender o comportamento de consumidores e concorrentes, buscou responder se o formato cash & carry está saturado no Estado de São Paulo ou se ainda há espaço para novas lojas e evolução de faturamento.

Conduzida por Fernando Faro, fundador e COO na Varejo 360, a análise identificou que, entre 2012 e 2020, foram inauguradas ou convertidas para o formato cash & carry 184 lojas, totalizando um parque de 418 pontos de venda no Estado de São Paulo. No período analisado, 2020 foi o segundo ano com mais inaugurações (32 lojas), o que demonstra hipoteticamente o vigor e o apetite dos players que operam neste formato de loja. 

Apesar disso, o ano passado foi o primeiro em que o atacarejo ficou estagnado em termos de participação das vendas em valor por formato de loja. O cash & carry respondeu por 26,2% das vendas (em R$) em 2020, contra 26,3% em 2019, interrompendo a sequência de crescimento ano a ano desse indicador desde 2012. "Na nossa visão, este é um claro sinal que o formato pode não ter a mesma facilidade de crescimento que observamos nos anos anteriores", destaca o COO da Varejo 360, ponderando que a pandemia tornou 2020 um ano atípico para análises de comportamento do consumidor, uma vez que ainda não há clareza sobre quais novos hábitos são perenes ou temporários.

Início de canibalização

Outro indicador analisado foi a distribuição das visitas. "Nesse quesito o cash & carry teve um pequeno ganho de participação, porém não podemos esquecer que uma parcela das inaugurações em 2020 é decorrente de conversão de lojas, o que automaticamente gera uma migração de visitas entre o formato anterior (hipermercado, por exemplo) e o cash & carry", explica Fernando Faro. "Para um aumento de 8% no número de PDVs em 2020, auferir um ganho de participação de apenas 0.2 pp é considerado bastante insatisfatório, lembrando que o ganho médio nos anos anteriores foi de 0.8 pp. Na Varejo 360 traduzimos esta informação como um indicador de um início de canibalização das visitas e das vendas dentro do mesmo formato", completa.

Conforme o estudo, a evidência mais contundente de que o formato cash & carry – considerando a configuração atual – tenha atingido o seu esgotamento é a estagnação em 60% da taxa de penetração. As 32 novas lojas inauguradas em 2020 não agregaram shoppers novos para o atacarejo no Estado de São Paulo.

A análise da Varejo 360 é bem detalhada e considera, ainda outras variáveis. Vale lembrar que a base foram informações exclusivamente do Estado de São Paulo, portanto não se aplicam ao restante do país, que de tão vasto seguramente ainda reúne excelentes oportunidades de expansão e crescimento. Ao final do estudo, Fernando Faro listou 4 conclusões sobre o futuro do atacarejo em SP. Confira: 

1. A expansão do cash & carry não deve ocorrer com menos intensidade em 2021 no Estado de São Paulo, mesmo com nossas análises sinalizando um início de saturação. O motivo principal desta continuidade de expansão é porque o formato tem um retorno econômico superior aos demais formatos em operação e atualmente é mais atrativo considerando as expectativas dos consumidores

2. Algumas conversões ocorrem mais em função da dificuldade do formato precedente – geralmente hipermercados

3. Com um cenário de agravamento da crise econômica e paralelamente um ambiente com menos restrições de isolamento social em função da evolução da vacinação, acreditamos que o formato volte a crescer em visitas e vendas, principalmente em função de seus preços, o que pode impactar na performance dos demais formatos de loja

4. Em função do aumento da concorrência no formato, cada vez mais iremos observar o cash & carry agregando novos serviços aos shoppers, o que tende no médio e longo prazo a descaracterizar e encarecer a sua operação

 

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