Empregos: de mãos dadas com a realidade

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Reportagem: Katia Simões e Patrícia Bull - redacao@savarejo.com.br -

Estimativas apontam que robôs substituirão 800 milhões de empregados em todo o mundo até 2030. Mas não se prenda às ameaças. A tecnologia, acredite, traz muitas (e novas) chances de trabalho


O novo tempo pede: não negar a realidade, não se jogar no precipício e se reprogramar como empresa, profissional e indivíduo. Pede ainda confiança para ocupar um desconhecido bom lugar

 

Um cenário catastrófico tem sido apontado por universidades, centros de pesquisas, consultorias e empresas e já está sendo debatido por instituições públicas e privadas de todo o planeta: o do desemprego em massa gerado pelo avanço da inteligência artificial, aqui representada por eficientíssimos robôs. Máquinas que substituem a mão de obra humana.

Como o homem não consegue frear seu impulso para a invenção e o progresso, a inteligência artificial promete varrer do mapa profissões, cargos, vagas e setores inteiros da economia mundial. Mas promete também garantir ganhos de produtividade espetaculares, conquistas e benefícios para todos nós. E uma vida melhor, bem melhor.

É só voltar no tempo e comparar como eram as condições antes e depois da revolução industrial e de outras que vieram. Em termos de avanço da humanidade, apesar de profundas desigualdades em todos os níveis, a mortalidade diminuiu, a longevidade aumentou, a alimentação em escala respondeu ao boom populacional do planeta, a escolaridade tornou-se regra, a qualidade de vida deu saltos e a própria inteligência humana se ampliou e se sofisticou.

 

Tecno-ameaça
Desemprego no mundo

  • 800 milhões de desempregados até 2030
  • 1,2 bilhão de trabalhadores impactados
  • 14,6 trilhões de salários afetados
  • 80% dos empregos de retaguarda no varejo alimentar eliminados

Fonte: Estimativas de McKinsey, StartSe, PwC, Retail Gazette


Tecno-chance
Avanço socioeconômico

  • 0,4% avanço econômico com os primeiros robôs (1993 a 2007)
  • 0,6% avanço econômico com sistemas de tecnologia de informação ( 1995 a 2005)
  • 0,8% a 1,4% taxa de avanço anual da produtividade com inteligência artificial (1995 a 2065)

Fonte: McKinsey

 

"Tarefas complexas continuarão a ser feitas por pessoas, mas tarefas simples ou mecânicas serão substituídas por algorítimos",
Alexandre Winetzki, diretor de P&D da  Stefanini   

 

Motivos para comemorar

A evolução tecnológica entrega para a humanidade conquistas que todos querem: robôs que ajudam em cirurgias com uma precisão fantástica. Máquinas que produzem laudos de exames médicos com alto grau de confiança – trabalhando 24 horas, sete dias por semana. Computadores que, rapidamente, analisam um caso de justiça considerando legislação, precedentes e aplicabilidade em cada caso.

E mais um milhão de aplicações em atividades de qualquer natureza. Na visão de Rafael Vidal Aroca, professor do Departamento de Engenharia Mecânica e diretor da Agência de Inovação da Universidade Federal de São Carlos , os robôs já estão gerando benefícios, com menos riscos e menores custos. O desaparecimento de atividades profissionais, segundo ele, faz parte da história humana. Igor de Oliveira, engenheiro e sócio da Aerolito, empresa de futurismo e experimentação de tecnologias exponenciais, concorda. “Mudanças na forma de trabalho acabam por criar outras formas de trabalho. Tem sido assim por séculos.” Segundo ele, com essas mudanças talvez possamos fazer coisas que hoje abandonamos por absoluta falta de tempo.

 

Motivos para se preparar

Em um ponto os especialistas concordam: cada vez mais será necessário desenvolver novas habilidades e competências para enfrentar um mercado tão diferente e tão mutável. Funções como a de reposição tendem a desaparecer, assim como de operadores de caixa. Posições hoje ocupadas por pessoas com ensino médio, como assistente de contabilidade ou RH, também devem cair bastante. E profissões hoje qualificadas deverão abrir espaço para outras ainda mais qualificadas e especializadas

A graduação e a especialização desde já representam apenas o começo do jogo. Estudar de maneira contínua, formal ou informalmente, em cursos extensos ou curtos, deverá ser regra e não exceção. Importante: tudo isso agregando à formação o conhecimento tecnológico e seus avanços. Análises indicam que surgirão profissões como de conselheiros genéticos, autores de realidade aumentada, especialistas em antienvelhecimento e experts em mitigação de desastres naturais urbanos. Outros estudos indicam que atividades artesanais, artísticas e ligadas à psicologia poderão ter novo impulso para compensar o excesso de tecnologia na vida das pessoas. Os empreendedores continuarão surgindo e desaparecendo, conforme a disponibilidade para ousar e ser eficiente. Mas a verdade é que as mudanças ocorrerão e continuarão ocorrendo com tanta força e rapidez, que o essencial será a capacidade de adaptação e reinvenção.

 

Responda rápido

  1. O que você prefere?
  2. Fila de caixa ou caixa eletrônico?
  3. Telefone analógico ou smartphone?
  4. Máquina de escrever ou computador?
  5. Cobrança de caderneta ou cobrança automática?
  6. Salas entupidas de arquivo morto ou armazenagem de dados em nuvem?
  7. Negociação com o fornecedor na ponta do lápis ou na ponta dos dados?
  8. Controle de estoque no olho ou pelo sistema integrado?
  9. Compra de produtos no feeling ou “braining”?

 

Quando os bancos iniciaram o processo de automação foi um Deus nos acuda. De fato, muita gente ficou desempregada (e o processo continua), mas muitas delas encontraram novas opções e, nós, clientes, não imaginamos uma vida passada na fila do banco. O mesmo vale para o resto, não é?

 

Novo perfil do profissional

“Diante das mudanças frenéticas em todas as áreas econômicas e, portanto, da imprevisibilidade no mundo dos negócios, as empresas precisam contratar profissionais capazes de aprender.” A opinião é de Marcia Vazquez, gestora do capital humano da Thomas Case & Associados . A executiva explica que quase todas as atividades de uma organização estão se tornando independentes do controle humano, daí a importância de contar com profissionais que ajam como fios condutores das transformações. A era industrial, segundo Marcia, já foi substituída pela era do conhecimento, na qual o capital intelectual é bem mais importante que o capital financeiro. Cabe a cada profissional adquirir conhecimento de alto nível e desenvolver novas competências.

Era industrial
Era do conhecimento
Mundo estável, de poucas mudanças (previsibilidade/estabilidade) Mundo complexo, de mudanças velozes e constantes (imprevisibilidade)
Quantidade Quantidade
Mão de obra especializada Profissional empreendedor e multifuncional
Capital financeiro Capital intelectual
Organograma com muitos níveis hierárquicos Organograma achatado
Policiamento e controle Parceria e compromisso
O gerente é o cabeça e planeja. O trabalhador apenas executa Todos são cabeças e a atuação é integrada
O dinheiro é o motivador máximo A motivação é decorrente de desejos em várias dimensões

Fonte: Elaborado a partir de dados de consultores e da FGV

 

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