Transformação digital também exige nova postura das lideranças

Quem explica é Stenio Souza, CEO da Smollan iTrade, com base no que vivenciou na Escola IEDC, da Eslovênia

Com a tecnologia cada vez mais presente nos mais diversos âmbitos da sociedade, rotinas há tempos consolidadas foram se transformando. Hoje, em muitos segmentos de atuação sequer é necessário compartilhar o mesmo espaço físico para trabalhar: é possível fazê-lo de casa, ao longo de um trajeto durante um deslocamento ou até mesmo a partir de outra cidade ou país. Por meio de recursos como aplicativos de vídeo conferência, estamos presentes, mesmo que fisicamente distantes. "Para trabalhar em colaboração, existem os serviços em nuvem. Para produtividade podemos contar com as soluções que se especializaram em gerar relatórios de gestão de tempo, tarefas e desempenho", exemplifica Stenio Souza (foto), CEO da Smollan iTrade , empresa internacional de soluções para o varejo.

Recentemente, ele esteve na Eslovênia, mais especificamente na Escola IEDC , com outros executivos em posição de liderança. "Algo que me chamou a atenção é o motivo pelo qual nós ainda somos desafiados por todo esse contexto de transformação. A resposta está no âmbito comportamental e em tudo que o cerca", acredita Stenio Souza. Para ele, líderes e gestores passaram a ter grandes desafios para monitorar suas equipes e controlar a produtividade. "Entretanto, esse é um tema parcialmente já superado na indústria do consumo, que lida constantemente com a mobilidade dos colaboradores para o sucesso dos projetos. O que ainda não superamos – e que se aplica à situação de praticamente toda corporação –  é como fazer para cultivar os valores da empresa e da marca nessa nova realidade virtual", analisa o CEO da Smollan iTrade.

É sabido que o papel de liderança é sempre uma grande missão e o nível de transparência e de coerência entre fala e atitude precisa ser sempre o mais alto possível, sob o risco de questionamentos e falta de engajamento. "A era digital tem ressignificado a vida empresarial em termos de ferramentas de trabalho, de ritmo, de espaço, do conceito de resultados. E, lá no fundo, mudou também a forma de educar, de compartilhar conhecimento e também de gerir", reflete o executivo.

"Felizmente, o sentido da hierarquia tradicional está sendo cada vez mais esquecido. Foi-se o tempo no qual uma pessoa jovem que entrava em uma empresa não conhecia o CEO ou que nunca poderia entrar em contato com ele enquanto pelo menos dois níveis hierárquicos os separassem. Hoje em dia, um estagiário precisa ter autonomia para se comunicar com gerentes e diretores para conseguir avançar não apenas nas atividades do seu job description, como também nas ideias e na implantação da inovação que tanto almejamos. Falha grande passou a ser a do gestor que cria barreiras e impede seus liderados de terem acesso a quem precisam para ir além e contribuir no desenho de futuro das companhias", ressalta Stenio Souza. 

Contudo, apesar desse modelo ultrapassado não funcionar mais, uma nova forma de pensar e exercer a liderança em moldes de receita bolo ainda não existe e talvez nunca existirá com a intensidade necessária. "É preciso, então, que nós busquemos sempre melhores práticas para que as relações não sejam deixadas para trás", recomenda o CEO da Smollan iTrade.

Afinal, a transformação digital não é apenas a tecnologia . Ela envolve muito mais em termos de comportamento. "Esse momento exige uma nova maneira de pensar e agir, pois quanto maiores são os avanços tecnológicos, maior é a necessidade do contato humano e o mundo nunca será apenas digital", completa Stenio Souza.

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