Kits com ingredientes: em uma rede, foram solicitados por 80% dos consumidores

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Reportagem SA+ -

Veja como varejistas do exterior estão ganhando dinheiro com essa ideia

É fácil reconhecer que a venda de kits de ingredientes para refeições completas e balanceadas tem bom potencial – na loja ou por assinatura online. Mas como? Em vários países, o mercado de kits está em plena expansão e, no Brasil, o segmento pode se desenvolver assim que a longa crise der uma trégua. Não se trata de pratos prontos congelados, ou pré-preparados, mas de cestas com os ingredientes de receitas previamente selecionadas pela loja ou seu e-commerce e contratadas pelo consumidor para entrega em casa. Com um detalhe: na quantidade específica para refeição de uma, duas, quatro pessoas ou mais. Do ingrediente base ao tempero, tudo é entregue cortado e porcionado, conforme a receita.

No exterior, os supermercados estão trabalhando com uma marca exclusiva ou chancelada por um grande chef de cozinha ou ainda com um fornecedor específico do segmento. É fácil entender essa tendência. Nas cidades mais urbanizadas, a correria, o deslocamento demorado e o menor tempo destinado às refeições continuam impondo novas necessidades. Os kits prometem poupar o consumidor da definição do cardápio, seleção dos ingredientes, compras demoradas, ou ida a restaurantes. Prometem evitar desperdício e economizar tempo, com a vantagem de preservar sabor e frescor. A proposta é de entrega de uma refeição rotulada e “marketeada” pelo desejo do consumidor por comida caseira, saudável, ou gastronômica. Pelo menos esse é um dos modelos de negócio.

Nos Estados Unidos, a rede Albertsons descobriu, em pesquisa de 2017, que 80% de seus clientes queriam kits de ingredientes para refeições. Traçou, então, um plano para atender a essa demanda, que deve envolver cerca de 100 de suas lojas até o fim deste ano. Outras redes dos EUA, como Tops Markets e Hy-Vee, começaram a vender kits de chefs famosos de culinária. E a rede Walmart, conforme publicado no site SN Supermarket News, divulgou em meados do ano passado o plano de levar seus próprios kits para mais de 2 mil unidades. A Walmart desenvolveu e testou pratos no seu Centro de Culinária e Inovação e deve montar cada cesta de receita em suas próprias lojas.

Fique atento:

- Kits vendidos pelo varejo alimentar americano cresceram três vezes mais rápido do que em outros canais
Fonte: Grocery Dive/Nielsen

Nos últimos 10 anos, caiu 5% o tempo médio gasto pelos americanos com as refeições, sendo 7% a queda entre adultos de 25 e 54 anos
Fonte: Relatório Adult Eating & Health Module do Economic Research Service

Esse novo segmento pode ser uma oportunidade para o varejo alimentar, ou mais uma ameaça? Tudo depende da maneira de encarar o mercado (e o desafio)

Na França, o Carrefour comprou a participação majoritária da startup QuiToque, que foi fundada em 2014 e vende os kits por meio de assinaturas mensais. No ano passado, a QuiToque entregou 3 milhões de kits de receitas no país, segundo dados da própria Carrefour. Famoso por sua apurada culinária, o mercado francês tende a ser mais sofisticado. Alguns players trabalham com kits de receitas originais (além de práticas) e ingredientes frescos, preferencialmente de produtores locais e certificados. Bem como o francês gosta. E com alto valor agregado.

Fornecedor de Kits

Na maior parte do mercado americano, a questão já não é vender ou não kits de ingredientes para refeição, mas definir o melhor modelo de negócio, o que passa por encontrar ou desenvolver fornecedores que entreguem produtos de qualidade, garantidos pelas normas de segurança alimentar, com preço competitivo e capazes de inovar o cardápio. Até a pioneira no segmento, a empresa Blue Apron, que trabalha com o conceito de comida caseira saudável, teve seu contrato suspenso com a poderosa rede Costco aparentemente por ter perdido a mão das receitas. Segundo o site Grocery Dive, o projeto-piloto com a Costco teria revelado que é sempre preciso criar pratos novos para manter o interesse do público e adaptar o cardápio aos hábitos alimentares de cada região. Agora a Blue Apron, que abriu capital em 2017, corre para ajustar o serviço, a fim de recuperar o contrato e manter outros recém-assinados. Caso da Jet.com , braço de e-commerce da Walmart.

Modelo de operação

A Blue Apron, que vende cestas de ingredientes online por meio de seu site e, mais recentemente, passou a fornecer para o varejo alimentar americano, adota um modelo aparentemente simples de operação. Ela oferece menus alternados semana a semana, com receitas cujo tempo de preparo é de 20 a 45 minutos. Na última semana de janeiro ofereceu costeleta de porco com batata assada, frango defumado no molho de manteiga e laranja, e couve-flor assada em zaatar. O consumidor pode escolher entre quatro planos de assinatura. O de kits tradicionais, fáceis, saudáveis e vegetarianos – todos implicam escolha de duas a três receitas por semana, servem duas pessoas e custam 59 dólares/semana, com frete livre. A quarta opção, para quatro pessoas, fica mais cara (72 dólares/semana). Na França, a empresa Les Commis também vende online por assinatura e faz entrega domiciliar. Tanto oferece kits de receita de uma torta vegana para crianças, cujo preparo leva apenas 15 minutos, quanto kits de costeletas de cordeiro com hortelã, pronta em 20 minutos. Segundo o site Avantages, a empresa está focada no público de classe média alta, com receitas sofisticadas de chefs estrelados. As cestas com os ingredientes vão acompanhadas de cartões explicativos onde aparecem dicas sobre preparo, consistência e número de convidados.

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