Reformas de Bolsonaro serão suficientes para reduzir desemprego? Especialistas respondem

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Reportagem SA+ -

Com mais vagas de emprego e renda em alta, população tende a elevar seu poder de compra. Mas isso pode não acontecer de imediato

Passadas as eleições que definiram os presidentes da Câmara e do Senado Federal, o cenário político brasileiro volta agora suas atenções para a possibilidade de aprovação das reformas propostas pelo governo de Jair Bolsonaro. A primeira delas é a da Previdência, cujo texto da proposta deve ser divulgado ainda neste mês. Na visão de seus defensores, ela é fundamental para mostrar compromisso de longo prazo do País com o controle das contas públicas, o que tende a atrair investimentos, inclusive internacionais, e a gerar novas oportunidades de emprego para a população. 

Caso confirmado, esse cenário seria bastante positivo para o setor de supermercados, uma vez que a população com emprego e renda em alta eleva seu poder de consumo. Mas será que a aprovação das reformas aumentará de imediato o ritmo de contratações? Para a maioria dos especialistas no assunto, a queda no desemprego não se intensificará de imediato, mas de forma gradual.

Eduardo Zylberstajn, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), acredita que ainda levará um certo tempo para que o otimismo do mercado financeiro se converta em ações práticas por parte dos empresários de todos os setores, como aumento de produção e reforço das equipes.

“Este ano deve ser melhor do que 2018, mas ainda não vai ser um ano de retomada robusta do mercado. A reforma da Previdência, na melhor das hipóteses, deve ser aprovada no meio do ano. E o empresário leva um tempo para voltar a investir com mais afinco em maquinário e contratações”, afirma  Zylberstajn.

Segundo dados do IBGE, no último trimestre de 2018, a taxa de desemprego ficou em 11,6%, uma pequena redução em comparação com o índice de 11,9% registrado nos três meses anteriores. Para o economista da Fipe, ainda deve demorar para o Brasil chegar a níveis baixos de desemprego como os de 2014, antes da crise, quando a população sem trabalho representava menos de 7% do total. “Em 2004, o desemprego estava na casa dos 11% e o Brasil precisou de quase uma década para chegar ao nível do pleno emprego. Agora, o País precisaria entrar em um ciclo de crescimento acelerado para que o desemprego baixe muito”, analisa Eduardo Zylberstajn.

Mais empregos no varejo 

Para Renan de Pieri, professor do Insper, neste ano o mercado de trabalho não deve apresentar grande aquecimento no setor industrial, no entanto ele acredita que o cenário seguirá mais positivo no varejo. “O mercado este ano terá o desafio de não só absorver os desempregados, mas empregar os desalentados que em algum momento vão voltar a procurar por novas vagas”, acredita.

Na avaliação de Mauro Rochlin, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a geração de empregos no quarto trimestre de 2018, que foi abaixo do esperado, revela quanto a recessão foi dura para o emprego e como a recuperação dos postos de trabalho segue lenta. Para ele, além das reformas, o governo deveria apostar em programas de concessão. “O Brasil tem uma demanda reprimida por obras de infraestrutura. A retomada do investimento, em áreas como transporte, óleo e gás, via licitações por parte do setor público, ajudaria a destravar projetos e a aquecer as contratações em setores que geram muitos empregos, como a construção civil”, avalia.

Para o professor da FGV, o governo ainda precisa mostrar, na prática, a que veio. “O discurso do governo está alinhado com o mercado, por isso ele ainda está otimista, mas quer ver o que sai do papel, quer que o governo entregue o que prometeu”, resume Rochlin.

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Fonte: Estadão

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