Em 20 dias, tudo mudou nos supermercados de Seattle, relata moradora da cidade

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Reportagem SA+ -

Região foi o primeiro epicentro do Coronavírus nos EUA. Adaptações feitas pelos varejistas de lá podem ser replicadas no Brasil

Com mais de 75 mil pessoas contaminadas pela Covid-19 e mais de mil mortes provocadas pela doença, os Estados Unidos se tornaram um dos países em situação mais crítica em relação à pandemia. Por lá, o primeiro epicentro dos contágios foi a região de Seattle, no estado de Washington. Moradora da cidade, a jornalista e estudante Adriana Navarro percebeu tudo mudar nos supermercados em um período de apenas 20 dias. A pedido de SA Varejo, ela relata as consequências no varejo alimentar e as adaptações realizadas por diversas redes:   

"No dia 2 de marco, fui visitar uma amiga e, ao voltar para casa, resolvi passar no supermercado perto da casa dela para comprar legumes para fazer sopa. Tudo parecia normal até que vi a gôndola de papel higiênico. Vazia. Aquilo ligou o sinal de alerta. Naquele dia, o governo local havia anunciado que mais quatro pessoas haviam morrido em decorrência da Covid-19 no estado de Washington, elevando o número de mortos nos EUA para seis. A região de Seattle era o epicentro do vírus no país. Lendo as notícias e posts naquela noite, um tuite me chamou a atenção: “Prepare-se como na ocasião do snowmageddon do ano passado”. Snowmageddon foi como ficou conhecida a nevasca que afetou a cidade em fevereiro de 2019. Naquela ocasião, fiz como os demais. Abasteci a casa com alimentos e produtos de limpeza e higiene para, pelo menos, duas semanas. Foi a primeira vez que vivi uma situação desse tipo, mas que serviu de lição de planejamento. Agora, estou abastecida para, pelo menos, um mês.

No dia seguinte, 3 de março, fiz um levantamento do que já tínhamos em casa. Moro com mais uma pessoa, mas sou eu quem geralmente faz as compras da casa, tanto pela disponibilidade de tempo (no momento estou apenas estudando no Seattle Central College , as aulas agora são online) como pelo fato de eu adorar supermercados. Por sorte, eu tinha ido na semana anterior ao Costco, para a compra mensal de itens como papel higiênico, galões de leite, produtos de limpeza, azeite, etc. Foi sorte mesmo, porque poucos dias depois não havia mais papel higiênico lá, além das filas gigantescas para entrar no mercado, como fiquei sabendo pelas mídias sociais e reportagens .

Decidi ir a supermercados menores, perto de onde moro. Fiz uma lista de produtos que costumo comprar em cada um deles. No Trader Joe’s , por exemplo, um dos itens da lista era o guioza congelado. Na primeira vez que estive lá, não havia nenhum pacote sequer. Aliás, o setor de congelados era um dos mais desfalcados naquele dia. Dias depois, essa unidade do Trader Joe’s reduziu o horário de atendimento ao público, para que os funcionários conseguissem repor as prateleiras. Voltei lá na semana passada e consegui comprar o guioza congelado, frutas e legumes e outros perecíveis. O clima da loja estava tenso, percebi muitos clientes enchendo o carrinho, algo que não é comum nessa loja. Saí de lá com dor de cabeça e a sensação de catástrofe se avizinhando. Como o agravamento da crise, agora essa mesma unidade está limitando o número de clientes por vez. Na porta do mercado, há fila de pessoas esperando sua vez de entrar, cada pessoa distante da outra.

Outra loja em que estive nas últimas semanas foi a unidade do Safeway perto de casa. Na primeira visita, ainda na primeira semana de março, tudo estava tranquilo ainda. Havia até papel higiênico e lenços de limpeza (os famosos disinfecting wipes, item tão disputado quando papel higiênico e álcool gel), limitados a duas unidades por pessoa. Dias depois, o cenário mudou. O supermercado começou a funcionar em horário reduzido, sendo as primeiras horas do dia exclusivas para idosos. Estive lá na semana passada e fiquei assustada. Logo na entrada, um funcionário com máscara e luvas estava desinfetando carrinhos e cestas. Os clientes só podiam pegar o que estava desinfetado. Havia também um aviso para não entrar com sacolas reutilizáveis trazidas de casa, seja qual for o material. Eu estava com as minhas sacolas de pano e tive que voltar para o carro para guardá-las. Diferentemente da última vez que estive lá, não havia mais papel higiênico, lenços de limpeza e vários outros produtos de limpeza. Em quase todo o mercado, havia produto faltando ou prestes a acabar, como macarrão, molhos, arroz, ovo, enlatados. Mesmo assim, achei tudo o que estava na minha lista. Nesse mercado, há self-checkouts. Preferi utilizar para evitar contato com outra pessoa.

Amazon Go

Até a semana passada, eu ainda estava andando a pé pelo bairro. Estive duas vezes na loja piloto da Amazon Go Grocery , um supermercado sem caixa que opera com sortimento de 5.000 itens de marcas nacionais e locais, e que tem um clima de mercadinho hi-tech de bairro. Na entrada da loja, há uma catraca na qual você escaneia seu código de cliente para liberar a entrada. Uma vez dentro, o cliente pega os produtos e coloca direto na sacola. Terminada a compra, basta sair sem precisar interagir com nenhum funcionário. Achei muito conveniente para esses tempos que estamos vivendo de distanciamento social. Na primeira visita, os únicos produtos faltando eram papel higiênico, álcool gel e lenços de limpeza. Na segunda, poucos dias depois, além desses três itens, não havia mais ovos, carnes, abacate, batata doce, alguns tipos de leite. Nos freezers de congelados, uma ou outra embalagem solitária jazia no fundo.

Loja Premium

Pelas redes sociais, soube de alguns mercados em que o abastecimento estava mais regularizado. Coincidência ou não, são supermercados considerados mais “careiros”. Um deles é o QFC . Foi o último supermercado que estive há uma semana. Desde então, não precisei mais sair de casa. Nessa visita, me surpreendi com a organização da loja. Havia ilhas com os produtos mais procurados, logo na entrada da loja ou nos corredores de passagem. Em uma ilha, por exemplo, ficavam os enlatados dos mais variados tipos. Em outra, estavam expostos produtos de limpeza. Em mais uma ilha, havia papel higiênico, papel toalha e lenços descartáveis (tudo de marca própria, não havia outras marcas), produtos limitados a uma unidade por pessoa. Achei uma ótima solução, pois a pessoa não precisava circular tanto pela loja para achar esses itens. Nessa loja, também há self-checkouts, que utilizei para pagar.

20 dias de rápidas transformações

Em 20 dias, tudo mudou. E mudou rápido. Tanto para os clientes como para os supermercados. Limitar a compra dos produtos mais procurados para uma unidade por pessoa, ter preocupação de desinfectar carrinhos e cestas, limitar entrada de clientes por vez, ter horário especial para pessoas idosas, reduzir horário de atendimento ao público para que os funcionários consigam reabastecer as gôndolas, proibir entrar de sacolas reutilizáveis, criar ilhas com produtos mais procurados. Essas foram algumas mudanças feitas nos supermercados de Seattle que podem ser replicadas em outros lugares." 

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