CEO do Carrefour fala sobre parceria com redes regionais e aposta no digital

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Alessandra Morita - alessandra.morita@savarejo.com.br -

Nesta entrevista, Noël Prioux também comentou sobre promoções e os investimentos em expansão

No comando do Carrefour desde outubro de 2017, Noël Prioux afirma que o Brasil é um dos cinco mercados mais importantes do mundo e que a companhia tem uma visão clara da estratégia no País, independentemente de qual seja o governo. “Faz 40 anos que estamos aqui”, afirma. Em dezembro do ano passado, ele conversou com jornalistas na capital paulista sobre a empresa e o cenário econômico. A entrevista aconteceu antes da grande repercussão nas redes sociais e na mídia do episódio em que um funcionário terceirizado da loja de Osasco (na Grande São Paulo) foi acusado de agredir um cão.

Em resposta às manifestações dos consumidores, a companhia adotou uma série de medidas em prol da causa animal. O acontecimento pode se tornar uma mancha na imagem da empresa, que, até o terceiro trimestre de 2018, cresceu 6,6% sobre igual período do ano anterior, alcançando R$ 40,5 bilhões. O Carrefour terminou o ano com 433 lojas, sendo 164 atacarejos, 101 hiper, 45 supermercados e 123 unidades de proximidade. Nesse bate-papo, o executivo explicou por que a empresa está focando a transformação digital, deu sua opinião sobre promoções e contou um pouco mais sobre o projeto da empresa de parcerias com as redes regionais. Acompanhe.

Transformação digital não é de uma vez

Vamos acelerar a transformação digital na companhia para inovar. Já estamos crescendo no e-commerce e no marketplace. A inovação ajuda todas as áreas: o varejo, a indústria, a cultura, enfim, tudo. Por isso, estamos nos aproximando das startups. Elas nos ajudam a ganhar tempo nesse processo. Mas não é fácil encontrá-las. Recentemente compramos a e-Mídia. Mas não precisamos adquirir todas. Podemos avaliar outros modelos de parceria ou comprar apenas uma parcela delas. Cada vez mais, cresce o número de startups ajudando grandes empresas. É uma tendência que não vai mudar. Podemos até exportar tecnologia do Brasil para outros países. Sabemos que o varejo vai mudar completamente, mas não é possível fazer a transição digital de um dia para outro. É muito difícil fazer de uma vez. Por isso, precisamos de ajuda, como das startups.

Aplicativo de descontos

Temos uma base de 12,7 milhões de clientes. Desse total, 68% são identificados por meio do aplicativo Meu Carrefour. Sobre esses clientes que conhecemos, sabemos que 47% têm frequência de compra superior à média e 73% gastam mais do que a média. O aplicativo Meu Desconto ajuda a personalizar a promoção, pois sabemos quais produtos interessam a cada cliente. Mas, vale lembrar, só podemos usar as informações que o cliente nos autoriza. A comunicação também está em processo de mudança. Em quatro anos, ela será 50% digital e 50% física. Estou falando, por exemplo, de tabloides. Poderemos fazer o encarte de oferta digital segmentado, a partir dos dados acumulados, para diferentes perfis de pessoas. A ideia é fazer diferente, porque o tabloide que temos hoje não fará mais sentido daqui a pouco. Não conseguimos fazer tudo sozinhos”, repetiu algumas vezes Noël Prioux, CEO do Carrefour, em entrevista recente para a imprensa. A rede tem apostado na parceria com startups para imprimir um modelo digital aos negócios, além de varejistas regionais, para chegar a cidades onde a empresa ainda não está.

Pacote de inovações

Em dezembro último, lançamos em quatro lojas Express o Scan & Go (tecnologia pela qual o cliente escaneia o código do produto e realiza o pagamento por meio de um aplicativo, sem necessidade de passar pelo caixa). Iniciamos por esse formato por acreditar que a solução é mais indicada para lojas que têm tíquete médio menor, como as de conveniência. O objetivo é facilitar a vida do cliente usando uma solução inovadora. Temos também pilotos com beacons (dispositivo que usa Bluetooth para localizar o consumidor dentro da loja e enviar mensagens em seu celular) e já implantamos a carteira digital, também nas unidades Express. Temos instalado o Click & Retire em todos os hipermercados, entre outros serviços. Nosso e-commerce teve crescimento de 7%. Contamos com mais de 1 milhão de produtos cadastrados online e 1.000 parceiros em nosso marketplace.

Associação com redes regionais

Esse modelo já existe na França, Espanha e Itália. Não se trata de franquias, mas de um acordo que permite à família controladora manter-se nas empresas. Muitas dessas redes têm problemas de sucessão ou dificuldade para crescer. Podemos ter uma parte da empresa, mas há várias maneiras de sermos parceiros. Essa mensagem que estou dando é para todas as redes: o que buscamos são famílias de comerciantes que tenham visão de crescimento e queiram ficar na empresa. Depois, se quiserem vender, é outra história. Nosso modelo é diferente do que já existe no mercado brasileiro. Nosso parceiro pode aproveitar tudo o que temos de bom, inclusive nossa escala, mas, caso queira, poderá manter sua estratégia comercial. Podemos ajudar também na transformação digital, porque muitas companhias não conseguem pagar essa mudança. Para nós, a vantagem é ampliar nossa presença no País. Hoje, temos de acelerar nossa transformação digital, mas amanhã o foco pode ser outro. E, repito, não conseguimos fazer tudo sozinhos. O mundo digital nos obriga a ter acesso a todos os locais rapidamente. Se tivermos parceiros, aceleramos essa digitalização.

Relação do brasileiro com promoção

Eu particularmente prefiro o sistema de preço baixo o ano todo. Mas os brasileiros gostam de promoção. Por isso, temos que fazer, mas em níveis aceitáveis. Mesmo o atacarejo, que é voltado a preço, acaba tendo um pouco de promoção. Além disso, é preciso entender cada caso: vale a pena fazer promoção de orgânicos? Não. Melhor baixar o preço e vender um volume maior.

Investimentos para 2019

O valor investido será de R$ 2 bilhões. Destinaremos uma parte à digitalização da companhia. Outra parte será aportada na expansão. A ideia é abrir 20 unidades Atacadão, o mesmo número deste ano. Metade será inaugurada em cidades onde já estamos e a outra metade, em novos municípios com cerca de 140 mil habitantes. Haverá também investimento no segmento de proximidade, tanto na bandeira Express quanto na Market, mas só vamos acelerar a partir do segundo semestre de 2019. Fizemos alguns ajustes e vamos dar uma parada para analisar os resultados e nos certificar de que estamos seguros do modelo. Esse tipo de loja tem desafios, e poucas empresas acabam conseguindo fazer bem a gestão. Daí a decisão de tomar um tempo antes de voltar a expandir no formato, que ainda está longe do seu ponto de inflexão. Nossos estudos apontam potencial de abertura de 400 unidades de proximidade em 13 Estados.

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